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O dinheiro traz felicidade?

O dinheiro traz felicidade?
Luiz Fernando Schvartzman
Mar. 29 - 7 min read
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Muitos divergem na resposta desta enfadonha pergunta: dinheiro traz felicidade? Alguns podem dizer que com dinheiro você pode comprar tudo o que lhe proporciona felicidade, no entanto outros dizem que o que dinheiro não compra saúde, família e amigos, fatores estes trazem felicidade. Mas afinal, o que é felicidade? Qual o verdadeiro sentido da vida?

Durante centenas de anos, filósofos, sociólogos, pensadores, religiosos e muitos outros traçaram ideias sobre o tema.  Durante séculos os filósofos se debruçaram em formas de desenvolver e elucidar a fórmula da felicidade, que de tão complexa transcende a capacidade humana de felicidade completa e plena.

A ideia de felicidade tem grande importância para a origem da filosofia. Ela faz parte das primeiras reflexões filosóficas sobre ética, que foram elaboradas na Grécia antiga.

A referência filosófica mais antiga de que se dispõe sobre o tema é um fragmento de um texto de Tales de Mileto, que viveu entre as últimas décadas do século 7 a.C. e a primeira metade do século 6 a.C. Segundo ele, é feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”.

Sócrates (469 a.C./399 a.C.) deu novo rumo à compreensão da ideia de felicidade, postulando que ela não se relacionava apenas à satisfação dos desejos e necessidades do corpo, pois, para ele, o homem não era só o corpo, mas, principalmente, a alma. Assim, a felicidade é o bem da alma que só pode ser atingido por meio de uma conduta virtuosa e justa.

Mas o maior discípulo de Sócrates, que efetivamente levou a especulação filosófica adiante de onde a deixara seu mestre, foi Platão (348 a.C./347 a.C.), o qual considerava que todas as coisas têm sua função. Assim, como a função do olho é ver e a do ouvido, ouvir, a função da alma é ser virtuosa e justa, de modo que, exercendo a virtude e a justiça, ela obtém a felicidade.

Os filósofos voltaram a se debruçar sobre o tema na Idade Moderna. John Locke(1632/1704) e Leibniz (1646/1716), na virada dos séculos 17 e 18, identificaram a felicidade com o prazer, um “prazer duradouro”. Alguns décadas depois, o filósofo iluminista Immanuel Kant (1724/1804), na obra “Crítica da razão prática” definiu a felicidade como “a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com o seu desejo e vontade”.

No inicio do Século XX, de forma um pouco mais prática e moderna, o psicólogo americano Abraham Maslow criou a famosa “Hierarquia de necessidades de Maslow”, também conhecida como pirâmide de Maslow, sendo uma divisão hierárquica, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de “escalar” uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.

Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritas na pirâmide:

  • Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono o abrigo;
  • Necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
  • Necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;
  • Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
  • Necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser: “O que os humanos podem ser, eles devem ser: Eles devem ser verdadeiros com a sua própria natureza”.

 

Não apenas na antiguidade, mas hoje um das aulas mais procuradas em Harvard, é do professor Tal Ben-Shahar, que usa um ramo da psicologia para ajudar os estudantes de graduação na busca da realização pessoal.

Segundo Tal “O que realmente interfere na felicidade é o tempo que passamos com pessoas que são importantes para nós, como amigos e familiares — mas só se você estiver por inteiro: não adianta ficar no celular quando se encontrar com quem você ama. Hoje, muita gente prioriza o trabalho em vez dos relacionamentos, e isso aumenta a infelicidade.”

Independente de qual teoria, o ser humano sempre buscou a solução e o caminho para a felicidade, seja através do corpo são e forte, como sugere Tales de Mileto, ou o bem da alma que só podia ser atingido por meio de uma conduta virtuosa e justa indagado por Sócrates ou até mesmo através da pirâmide de necessidades de Mazlow, que pressupõe-se primeiramente uma condição pessoal amena para se ater ao subjetivo da felicidade, o importante é ter uma mente saudável.

A conquista da felicidade advém de uma boa qualidade de vida, objetivos de vida realizados (ou sendo realizados) e um legado para a posteridade. Todos passam por momentos de alegrias e frustrações, mas a sabedoria de absorver e transformar momentos de vida em felicidade é uma capacidade que pode ser desenvolvida e aprimorada ao longo da vida.

Existem pessoas que possuem uma família, saúde invejável, um emprego estável, dinheiro para comprar qualquer desejo, mas não consegue ser completo e feliz. Existem outros que passaram por grandes problemas durante a vida, têm dificuldades financeiras, problemas de saúde e mesmo assim conseguem ser felizes.

Não serei irresponsável com a história, nem com todas as teorias e filosofias, me propondo a dizer o caminho da felicidade, no entanto arrisco em dizer que ao longo da vida passamos por diversos momentos de provação e grandes desafios nos quais acumulamos alguns êxitos e outras decepções: provas, vestibulares, amores, certezas, projetos e sonhos. Alguns deles servem como importante aprendizado, outros como um grande momento de felicidade. O desafio é o combustível da alma. As maiores alegrias da vida são os resultados de grandes provações: o casamento, o nascimento de um filho, uma promoção no emprego, a compra de um imóvel, a constituição de uma empresa, um projeto social. E quanto mais inesperadas e reconhecidas (mesmo aquelas com reconhecimento apenas pessoal) vitórias, maior a felicidade.

Com o passar do tempo, estes testes vão diminuindo e se não colocarmos cada vez mais objetivos, sonhos, provas e desafios, a vida perde os momentos de conquistas e alegrias. E novamente ouso em dizer que as pessoas que conquistam mais aprendizados, derrotas, vitórias, sonhos, objetivos, sabem ser mais felizes. O que nos mantem vivos são os desafios e a próxima etapa a ser conquistada.

Não é o dinheiro o sinônimo de felicidade, mas a capacidade de transformar e saber utilizar o dinheiro para proporcionar qualidade de vida e momentos de alegrias. Para alguns e em determinadas ocasiões poderão ser poucos reais e para outros alguns milhões. Ao mesmo tempo em que alguns com milhões não conseguirão proporcionar a alegria e felicidade que outros conseguem com alguns poucos reais.

Para mim felicidade é poder obter prazer no presente sem prejudicar o futuro, se não é ilusão.

E para você? O que é felicidade, já parou para pensar o que te deixa feliz?


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